Princípios do
Grof® Breathwork

por Stanislav Grof e Brigitte Grof

A técnica de respiração holotrópica

Posição teórica

A teoria do Grof® Breathwork abrange uma ampla compreensão da psique humana que inclui as dimensões biográfica, perinatal, transpessoal e arquetípica. Os fenômenos de todos esses domínios são vistos como constituintes naturais e normais do processo psicológico; eles são aceitos e apoiados sem preferência. A base teórica do Grof® Breathwork é descrita mais completamente na enciclopédia de Stan, O caminho do psiconauta.

A prática de Grof® Breathwork inclui o reconhecimento do fato de que estados não ordinários de consciência induzidos por Grof® Breathwork, bem como estados semelhantes que ocorrem espontaneamente, mobilizam forças de cura intrínsecas na psique e no corpo.

No decorrer do processo, essa “inteligência de cura interior” manifesta uma sabedoria terapêutica que transcende o conhecimento que pode ser obtido pela compreensão cognitiva de qualquer praticante individual ou de qualquer escola específica de psicoterapia ou de trabalho corporal.


Abordagem prática

Os elementos básicos do Grof® Breathwork são respiração mais profunda e acelerada, música evocativa e facilitação da liberação de energia por meio de uma forma específica de trabalho corporal. Isso é complementado pela expressão criativa, como o desenho de “mandala” e o compartilhamento das experiências. O Grof® Breathwork pode ser realizado individualmente, ou preferencialmente, em grupo, onde os participantes alternam o papel de experienciadores e “sitters” (acompanhantes), mas nunca pode ser realizado sozinho ou online.

Antes da primeira experiência de respiração, os participantes recebem uma preparação teórica aprofundada, que inclui uma descrição dos principais tipos de fenômenos que ocorrem em sessões holotrópicas (biográficas, perinatais, transpessoais e arquetípicos) e instruções técnicas para respirantes e acompanhantes. As contraindicações físicas e emocionais são discutidas e, se houver qualquer preocupação, deve-se obter a avaliação de um especialista. O facilitador estabelece acordos claros com os clientes de que não causarão danos a pessoas ou propriedades nem se envolverão em comportamento sexual com outras pessoas durante uma sessão de Grof® Breathwork. Esses acordos claros permanecerão válidos durante toda a sessão até o seu término.

Em nosso trabalho respiratório, a respiração é mais rápida e mais profunda do que o normal; geralmente, nenhuma outra instrução específica é dada antes ou durante a sessão em relação à frequência, ao padrão e à natureza da respiração. A experiência é totalmente interna e, em grande parte, não verbal, sem intervenções. As exceções são constrição na garganta, manejo de problemas, dor excessiva ou medo que ameace a continuação da sessão e solicitação explícita do respirante.

A música (ou outras formas de estimulação acústica — tamborilar, sons da natureza etc.) é parte integrante do processo holotrópico. Tipicamente, a escolha da música segue um padrão característico que reflete o desdobramento mais comum das experiências holotrópicas: no início, é evocativa e estimulante, depois se torna cada vez mais dramática e dinâmica e, finalmente, atinge uma qualidade de ruptura. Após a culminação, é apropriado mudar gradualmente para uma música mais calma e terminar com seleções pacíficas, fluidas e meditativas. Dentro dessas categorias, a música pode ser adaptada à energia do grupo, mas todas as categorias precisam ser tocadas na ordem descrita acima. A música deve ser bonita e deve ser tocada enquanto os respirantes estiverem em processo. Portanto, os facilitadores devem preparar música para 3-4 horas. A música meditativa no final é uma parte importante da cura e integração.

O papel do “sitter” (acompanhante) durante a sessão é ser responsivo e não intrusivo, assegurar uma respiração efetiva, criar um ambiente seguro, respeitar o desenrolar natural da experiência e prestar assistência em todas as situações requeridas (apoio físico, ajuda para ir ao banheiro, trazer lenços de papel ou um copo de água etc.). É importante que o acompanhante permaneça focado e centrado enquanto presencia todo o espectro possível de emoções e comportamentos do respirante. Grof® Breathwork não utiliza nenhuma intervenção que venha da análise intelectual ou que seja baseada em constructos teóricos a priori.

É importante reservar tempo suficiente para as sessões, geralmente de 3 a 4 horas. No entanto, como regra geral, permite-se que o processo alcance um fechamento natural e leve o tempo necessário para isso; em casos excepcionais, isso pode levar algumas horas, então você pode precisar continuar trabalhando com a pessoa em uma sala de apoio enquanto o grupo dá continuidade à programação. No período final, o facilitador oferece trabalho corporal se a respiração não tiver resolvido todas as tensões emocionais e físicas ativadas durante as sessões. O princípio básico desse trabalho é observar as dicas da experiência e criar uma situação em que os sintomas existentes sejam amplificados; ao mesmo tempo em que a energia e a atenção são direcionadas para essa área e o sujeito é encorajado a expressar plenamente a sua reação, qualquer que seja a forma que ela assuma. Esta forma de trabalho corporal é uma parte essencial da abordagem holotrópica e desempenha um papel importante na conclusão e integração da experiência.

Os facilitadores de Grof® Breathwork devem reconhecer que, quando eles utilizam uma técnica que evoca um estado não ordinário de consciência em um cliente, há um potencial para projeções excepcionalmente intensas, incluindo desejos regressivos de cuidado, contato sexual ou conexão espiritual. Essas projeções são geralmente focadas no facilitador. Nesses casos, o facilitador deve estar sensível ao desequilíbrio de poder entre os papéis de facilitador e de cliente e ter cuidado ao apoiar clientes com esses sentimentos. Os facilitadores tomam providências para conduzirem sua prática de Grof® Breathwork de modo ético.

Os grupos de compartilhamento geralmente ocorrem no mesmo dia após um intervalo prolongado. Durante essas sessões, o facilitador não faz interpretações do material a partir de um sistema teórico específico, incluindo o do Grof® Breathwork. É preferível pedir ao participante para elaborar e esclarecer mais, a partir dos seus insights da sessão. A amplificação junguiana sob a forma de referências mitológicas e antropológicas pode ser muito útil na discussão das experiências holotrópicas, bem como das mandalas. Ocasionalmente, referências às experiências de outras pessoas podem ser apropriadas.

Existem muitas abordagens que complementam o Grof® Breathwork — prática da Gestalt, caixa de areia de Dora Kalff, bioenergética, constelação familiar, várias formas de massagem, acupuntura etc. No entanto, sempre que forem utilizadas, deve-se indicar claramente que elas não são parte do Grof® Breathwork. Se a prática de condução das sessões diferir significativamente das descrições acima, o nome Grof® Breathwork não deverá ser utilizado. Pedimos que seja substituído por um termo diferente e que não seja associado a nossos nomes.